Após quase uma década de espera por justiça, o médico Celso Luís Ramos Sampaio foi condenado a 27 anos e nove meses de prisão pelo assassinato da ex-companheira, a pedagoga e ex-miss pomerana Rayane Luiza Berger, de 23 anos. O júri popular foi realizado nesta quarta-feira (21) no Fórum Criminal de Vitória, e a Justiça determinou o cumprimento da pena em regime fechado, além da prisão imediata do réu.
Rayane foi morta em junho de 2015 na zona rural de Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo. O caso, que inicialmente foi tratado como acidente, ganhou contornos de feminicídio após as investigações apontarem que ela havia sido dopada com medicamento de uso controlado e agredida na região da nuca antes de ser colocada em um carro trancado e lançado em um rio. O veículo estava intacto, sem marcas de frenagem e com os airbags não deflagrados, o que levantou suspeitas da perícia.
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Rayane Luiza Berger, de 23 anos/Redes sociais
Celso Sampaio, que à época do crime tinha 59 anos e já cumpria pena por outro homicídio, foi denunciado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) por homicídio qualificado com três agravantes: motivo fútil, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e prática de violência doméstica. A promotoria também sustentou que o crime foi premeditado e que o réu tentou forjar um acidente para encobrir o assassinato.
O caso gerou grande comoção em Santa Maria de Jetibá, o que levou ao pedido de desaforamento — a transferência do julgamento para a capital, a fim de garantir a imparcialidade dos jurados.
Além da condenação criminal, a Justiça determinou o bloqueio dos bens e contas bancárias de Celso e o pagamento de R$ 500 mil por danos morais à família da vítima. Também foi ordenado o envio do caso ao Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), que poderá avaliar a cassação do registro profissional do médico.
O julgamento, inicialmente marcado para o dia 13 de março, foi adiado após a defesa alegar ausência de mídias processuais anexadas ao processo. Mesmo com o tempo decorrido, a sentença representa um marco na luta contra a impunidade em casos de feminicídio no Espírito Santo.