Aposentados de Colatina, Linhares e cidades vizinhas denunciam descontos indevidos no INSS e cobram justiça

Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou um esquema que lesou milhares de aposentados e pensionistas em todo o país, e o Espírito Santo aparece como um dos estados com maior proporção de descontos feitos sem autorização. Segundo o levantamento, 89,7% dos beneficiários capixabas entrevistados afirmaram não ter autorizado os descontos aplicados diretamente em seus pagamentos do INSS.

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O problema veio à tona com a deflagração da Operação Sem Desconto, realizada em conjunto pela CGU e pela Polícia Federal nesta quarta-feira (23). A investigação aponta que entidades de classe, como associações e sindicatos, firmaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS e aram a descontar mensalidades de aposentados sem consentimento.

O ES FALA ouviu leitores de diferentes cidades capixabas, que expressaram revolta com a descoberta.

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“Eu nunca assinei nada autorizando desconto nenhum, e mesmo assim todo mês tiravam uma quantia do meu benefício”, relatou dona Maria José Ribeiro, aposentada de Colatina. “É revoltante. A gente luta a vida toda e na velhice ainda a por isso.”

De Linhares, o leitor José Aparecido disse que só percebeu os descontos após anos: “Eu achava que era um erro no valor do pagamento. Nunca imaginei que fosse uma cobrança de associação que nem sei o que é. Me sinto enganado.”

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Em Baixo Guandu, o senhor Sebastião Martins, de 72 anos, também compartilhou sua indignação: “Fui ao banco e perguntei sobre o valor errado. Só então descobri que estavam descontando uma taxa. É abuso com os mais velhos.”

Já em São Roque do Canaã, dona Ilda Ventura lamentou: “A gente confia que o pagamento é correto. Depois de tanto trabalhar na roça, descobrir que me tiraram dinheiro assim, na surdina, dói demais.”

Em Marilândia, o aposentado Antônio Carlos Almeida foi direto: “Espero que quem fez isso pague. Não é só o dinheiro, é a humilhação de ser roubado sem perceber.”

A auditoria da CGU, que ocorreu entre abril e julho do ano ado, entrevistou 1.273 beneficiários em todos os estados e no Distrito Federal. Destes, 97,6% disseram não ter autorizado os descontos e 95,9% sequer faziam parte de associações, sinalizando a prática massiva de irregularidades.

No Espírito Santo, foram realizadas 29 entrevistas. Em 26 casos, os aposentados relataram descontos não autorizados.

Além disso, desde 2019, a CGU já havia observado um crescimento tanto no número de reclamações quanto no aumento do volume de valores descontados.

Diante dos fatos, o ministro da CGU, Vinícius Marques de Carvalho, anunciou a suspensão de todos os Acordos de Cooperação Técnica entre o INSS e associações. Os valores que seriam reados às entidades em maio foram bloqueados e, segundo o ministro, serão devolvidos aos aposentados já na folha de pagamento de junho.

“Esses recursos descontados em maio dos aposentados não irão para as associações. Eles serão retidos e devolvidos na próxima folha de pagamento”, declarou o ministro.

A Polícia Federal continuará a investigação para responsabilizar as entidades e eventuais servidores públicos que possam ter facilitado o esquema.

Segundo dados da CGU, mais de 6 milhões de aposentados em todo o Brasil estavam sofrendo descontos mensais, supostamente autorizados, em favor de associações. Agora, com a suspensão dos acordos, a expectativa é de maior proteção para os beneficiários.

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